sábado, 11 de junho de 2011

O Lobby da carne causando mais um estrago


Calúnia contra os alimentos crus
Fonte Dr Alberto Gonzales

"O que ocorre na Alemanha é uma campanha vergonhosa contra os alimentos naturais, orgânicos e vivos.
Toda acusação de hortaliças, pepinos e dos brotos de sementes germinadas é improcedente. Isto é um abuso. Todos os que conhecem microbiologia sabem as cepas letais de Escherichia coli e bactérias em geral crescem em matéria desvitalizada - como laticínios e carne.

Os alimentos vivos são aqueles que contam com o menor número de bactérias por grama (500 unidades), quando comparados a qualquer outro tipo de alimento.

Esta campanha visou desviar a atenção da opinião pública mundial do verdadeiro pivô da crise: a carne de porco. Neste momento, todas as mostras de carne infectada devem estar devidamente incineradas e enterradas. Uma verdadeira operação foi montada para evitar a real notícia, que levaria à quebra da industria de carne de porco. Trata-se do alimento mais importante do país mais importante da comunidade européia.

O governo alemão destina agora 200 milhões de euros (346 milhões de reais) aos agricultores prejudicados, para acalmar os ânimos. Um preço barato, quando comparado ao prejuízo que ocorreria após a veiculação do verdadeiro culpado pelas mortes.

O governo alemão já afirma que "o real causador da doença poderá não ser identificado". Pedem para que acreditemos em Papai Noel! A Alemanha, com seus laboratórios altamente sofisticados e sistemas avançados de rastreamento sabe muito bem o causador da epidemia letal. Mas não pode veicular a verdade, o que levaria a uma crise sem precedentes e um efeito econômico "dominó", na já combalida Europa.

E quem paga pelos efeitos morais e éticos? Um governo aparentemente sério como o da Alemanha aponta o dedo contra um tipo de alimento! Isso deixa marcas por dezenas de anos e mesmo até gerações. Se observarmos bem, já existe uma falsa idéia de que alimentos crus possam conduzir doenças.

A maioria das pessoas que ingere carne, leite e muitos alimentos deteriorados, todos eles "cozidos", pensa estar protegida. Mas podem haver até um bilhão de bactérias em um prato cozido que você come na rua. Ninguém traz isso à tona. Por milagre, e por eficiência dos sistemas imunes intestinais, sobrevivemos a estes ataques.

Mesma sorte não tiveram aqueles que ingeriram hamburgueres da rede Burger King em Seattle, nos Estados Unidos. Foram 200 mortes causadas por E.Coli H 520. Mas as industrias se aproveitam da pouca memória e mesmo da falta de informação das pessoas.

Lançaram esta calúnia contra os alimentos crus. É como inocentar um assassino adulto e armado e jogar a culpa em uma criança que brinca no parque.

A falácia sobre alimentos crus vem da idade média, quando ratos caminhavam entre os alimentos e havia fezes nas ruas da Europa. Coisa dos tempos do cólera, da Inquisição.

É hora de virar a página. Estamos no século XXI. Segurança alimentar é alimento vegetal - cru, vivo, orgânico e natural. O resto é hipocrisia e interesses financeiros."

Alberto P. Gonzalez, médico

terça-feira, 7 de junho de 2011

As super bactérias e o sistema agroindustrial


06/06/2011 18:10:49

Pepinos, porcos e doenças

Silvia Ribeiro (*)

O surgimento de uma nova variante letal da bactéria Escherichia coli (E. coli) em alimentos na Europa demonstra, novamente, o desastre sanitário em que nos meteu o sistema alimentar agroindustrial. Tratam-no como um acidente, mas na realidade é algo cada vez mais frequente, porque é uma consequência sistêmica. Era de se esperar, tal como o surgimento da gripe suína e da gripe aviária.

As autoridades sanitárias do governo alemão, onde primeiro se identificou o surto, acusaram os pepinos orgânicos espanhóis de serem os causadores da contaminação. Tiveram de retificar a acusação, porque era falsa, mas já tinham provocado grandes perdas. Acusam também os tomates e o alface, especula-se com o leite, a carne e a água engarrafada. Segundo o Instituto Robert Koch da Alemanha, trata-se de uma variante desconhecida, produto de recombinação de outras, que deu a nova E. coli entero-hemorrágica O140:H4. No princípio suspeitavam da E. coli O157:H7, que foi encontrada na carne picada de grandes empresas como a Cargill e que em 2008 levou à retirada de 64 milhões de toneladas de carne dos Estados Unidos e milhares de pessoas afetadas.

Neste caso dizem não saber de onde saiu nem quanto tempo vai durar, mas proliferou-se a vários países europeus e já causou 18 mortes e mais de 2.000 internações que podem ter consequências graves. Poder-se-ia juntar uma longa lista de acidentes graves do sistema alimentar industrial (carnes contaminadas, melamina, dioxinas, aditivos e embalagens de plástico tóxicos, adulterações). O certo é que graças à indústria agro-alimentar controlada por um vintena de transnacionais globais, a comida deixou de ser necessidade, prazer e cultura para se tornar em uma permanente ameaça à saúde.

No caso das bactérias E. coli, das quais há muitas variantes diferentes, estas são usadas e manipuladas na forma intensiva e extensiva pela indústria, o que favorece a criação de novos surtos continuamente. Por exemplo, são um elemento importante na construção de transgênicos (agro-alimentares, farmacêuticos e veterinários), são o vetor de fermentação da biologia sintética (manipulando com genes artificiais bactérias E. coli e leveduras, porque são rápidas e fáceis de usar), são o vetor para fabricar hormônios transgênicos (hormônio de crescimento bovino) para que as vacas produzam quantidades absurdas de leite que as adoecem e nos provocam doenças. Na maioria dos casos, para testar se a modificação genética foi bem sucedida aplicam-lhes antibióticos, pelo que para além da transferência horizontal de material genético entre diferentes bactérias (que só por si os transgênicos promovem), aumentam também a resistência aos antibióticos.

Como as E. coli estão presentes por todo o lado mas aumentam em certas condições (armazenamento, transporte, temperaturas, etc), nas grandes instalações são combatidas com batericidas que promovem ainda mais mutação e resistência.

A presença de bactérias e vírus, normais ou por falta de higiene e outras condições, pode acontecer tanto nas pequenas produções locais, como nas grandes. Mas nas pequenas e descentralizadas, desde a criação animal às culturas, comércio e processamento de alimentos, fica focalizada ou diluída entre muitas outras fontes de diversidade animal e vegetal.

É justamente o caráter extensivo e uniforme das culturas e dos animais que os torna mais vulneráveis, enquanto que os ataques contínuos com produtos químicos criam maior resistência, juntamente com grandes transportes e diversos embalamentos que os grandes supermercados exigem, o que contribui para criar as variantes mais perigosas. Já na espiral destrutiva, para controlar todo este desastre de doenças – quer as que são descobertas, quer as muitas sobre as quais não há estatísticas – aplicam mais produtos químicos como conservantes, aplicam irradiação de alimentos e embalagens com nanotecnologia para que os alimentos pareçam frescos, ainda que sejam nocivos.

Assim como aconteceu com a gripe suína, não é verdade que as autoridades não saibam de onde saiu a variante da bactéria. Inclusive, desde já, podemos dizer-lhes de onde virão muitas das próximas bactérias e vírus patogênicos.

A verdadeira origem do desastre é o sistema agro-alimentar, que foi sequestrado pelas transnacionais, e que para ganharem mais, a nossa comida é transgênica, torna-nos obesos, tem menos nutrientes e está cheia de venenos, sejam químicos ou nano-tecnológicos. Tão brutal foi o sequestro dos mercados, que em lugar de advertir os que têm tóxicos, etiqueta-se – com elevado custo para produtores e consumidores – os produtos orgânicos que não têm tóxicos. E de passagem, afirmam que são a origem das variantes patogênicas.

Consequentemente, o controle da segurança alimentar transformou-se numa máquina comercial que longe de favorecer a saúde pública e prevenir doenças, é um sistema seletivo de privilégios para as grandes empresas, para deslocar e impedir a produção e consumo de produtos camponeses, de pequenos produtores e de muitos países do Sul. (Recomendo a leitura do informe da Grain: Food safety for whom: corporate wealth vs. peoples’s health www.grain.org)

Apesar de tudo isto, 70% do planeta ainda se alimenta da produção camponesa, comunitária e familiar. Para a saúde de todos e do planeta, é isso que temos de resgatar e apoiar, contra a voracidade homicida das transnacionais.

(*)Silvia Ribeiro, investigadora do grupo ETC, publicado no jornal mexicano La Jornada. Traduzido por Carlos Santos para Esquerda.net

Fonte: http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/pepinos-porcos-e-doencas/?sms_ss=facebook&at_xt=4deda1b2a97c6ef1%2C0

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