quarta-feira, 16 de junho de 2010

Como anda seu xixi?

Em águas drogadas


Peixes capturados em diversas cidades dos Estados Unidos apresentam uma alta concentração de ingredientes de produtos farmacêuticos e cosméticos. Por exemplo: pesquisa recente da Baylor University (uma universidade privada batista do estado do Texas) concluiu que os peixes encontrados a jusante da estação de tratamento de esgotos de Chicago continham altos índices de norfluoxetina (presente em anti-depressivos), seguido de quantidades um pouco mais modestas de carbamazepine (anti-convulsivo) e difenidramina (anti-histamínico). Também foi verificada a presença de medicamentos contra a osteoporose, anti-hipertensivos e anticoncepcionais.

Como essas substâncias chegaram ali? A resposta é fácil: escorreram por pias, ralos e privadas até a estação de tratamento, que elimina bactérias e degrada a matéria orgânica, mas passa ao largo de tais compostos. Em áreas densamente povoadas ou com rios pouco caudalosos, esses efluentes representam uma grande porcentagem do volume de água dos rios. Alguns estudiosos do assunto avaliam que o volume de substâncias farmacêuticas que contaminam o meio ambiente é comparável com a quantidade de agrotóxicos despejada na natureza.

Bryan Brooks, um dos coordenadores desse estudo na Baylor University, já havia observado o fenômeno em Denton, no Texas. Ali ele notou que a alta quantidade do hormônio estrogênio na água estava mudando os órgãos sexuais dos peixes, tornando-os mais femininos. Esse estrogênio vem, provavelmente, das excreções de mulheres que tomam a pílula anticoncepcional. Em outras partes dos Estados Unidos, o mesmo fenômeno foi observado em castores.

Segundo Brooks, a quantidade de contaminantes farmacêuticos é relativamente pequena, de modo que você teria que ingerir um volume muito grande de pescado para ser afetado. Entretanto, este tipo de contaminação pode comprometer a existência dos próprios peixes. E é importante lembrar que estes contaminantes se somam a outros que estão dispersos por aí (a esse respeito, leia meu post Adeus, Meninos, que levanta informação sobre o impacto de diferentes tipos de plástico sobre a masculinidade).

Qual seria o tamanho desse problema no Brasil? O brasileiro provavelmente consome muito menos cosméticos e medicamentos que os norte-americanos, por razões financeiras e culturais, mas também tem menos acesso ao tratamento de esgotos. Algum de vocês têm informações a respeito?

Regina Scharf

http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/em-aguas-drogadas/

3 comentários:

  1. É como dizia, há muito tempo, Rafael Grecca (ex-Prefeito de Curitiba): O Homem é o único animal que defeca na água da qual se alimenta.
    Diferentemente aos integrantes da Civilização Ocidental os índios brasileiros (mesmo as crianças), quando brincam no rio saem correndo para urinar longe da água, num lugar adequado.
    Quem é o civilizado?
    Por isso resisto aos conselhos dos médicos, quando pedem que "somente coma peixes", abolindo todas as demais.
    É melhor não comer nenhuma!

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  2. Eu não apostaria que - relativamente ao tamanho da população - o povo norte americano use mais remédios e cosméticos. Aqui a auto medicação corre solta e o consumo de tinturas de cabelo e o uso de cosméticos bate recordes. Por lá há mais poluição, com certeza, mas por outras causas, imagino. Conclusão: não há para onde correr.

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  3. Falta consciência ambiental e isso deve vir do processo educacional.

    Um abraço.

    Drauzio Milagres

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